terça-feira, 31 de agosto de 2010

Espiritualidade - Como Alimentar e Cultivar a Espiritualidade (Parte 3)

O vento, quando sopra, leva pelos ares muitas sementes. É assim que começa a primavera, mas é preciso que as sementes caiam em bom terreno.

Com a espiritualidade acontece a mesma coisa: o vento de Deus sopra e traz até nós todas as sementes: perdão, graças, alegria, fortaleza, crescimento interior, talentos, etc.

Cabe a nós cultivar as sementes da espiritualidade rea-prendendo a rezar; descobrindo o valor dos sacramentos e lendo a Palavra de Deus.



Re-aprendendo a rezar



Fr. Inácio Larrañaga, em seu livro “Mostra-me o teu rosto”, diz que “quanto mais se ora, mais se quer orar ;quanto menos se reza, menos vontade se tem de rezar ; quanto mais se reza, Deus é ‘mais’ Deus em nós; quanto menos se reza, Deus é ‘menos’ em nós.”

Na oração vencemos as dúvidas. Não as resolvemos. Ao contrário, as aproveitamos para fazer delas um ato de confiança e de fé nas palavras e nos desígnios do Senhor.

Re-aprender a rezar é sentir a chave de nossa oração: é ter a certeza de que Deus nos ama (cf. Sl.139).

Desde os primeiros anos de nossa vida aprendemos a rezar. Quando descuidamos do exercício da oração, reaparece a nossa incapacidade de caminhar na busca de Deus. E na busca das coisas de Deus. Abandonamos a oração, a participação na missa e os sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação porque aprendemos, talvez em nossa catequese ou com nossos pais, que a oração é uma “obrigação” do cristão. Quando cansados dessa obrigação, afastamo-nos dela.

Rezar é entrar em relação com Deus. Numa relação as pessoas se encontram na sua intimidade: colocam-se diante do outro como são, com a sua verdade (inseguranças, conflitos, desejos, alegrias e tristezas…)

Assim também acontece em nosso encontro com Deus. Trata-se de uma relação dinâmica, em que vou ao encontro do outro (Deus) com aquilo que tenho e sou; e o Outro vem também ao meu encontro desde a sua Verdade. Dá-se então uma relação profunda e ambos s entregam mutuamente, numa amizade crescente e infinita.

Muitas vezes vamos ao encontro com Deus cheios de problemas e dificuldades que podem interferir na nossa oração. Que fazer então ? Sem rejeitar tudo isso que estou vivendo, vou me colocar numa atitude de partilha e escuta, confiando que Deus está aí e caminha ao meu lado.

Ao trazer as dúvidas para a oração , devo colocá-las, com toda sinceridade, diante do Altíssimo,

como um doente depõe suas enfermidades diante do médico,

como o réu revela seu crime diante do juiz,

como o filho expõe sua esperança diante do pai.



Não exigimos explicações e justificações daquele que sabe tudo, tudo entende e permite. Esperamos dele aumento de fé e a graça necessária para continuarmos dóceis instrumentos na construção do Reino de Deus, mesmo quando o preço exigido é alto e o plano, escuro. Jesus não aceita menos do que isso de seus discípulos.

Podemos então dizer que estamos entrando num caminho de espiritualidade: confronto com o projeto de vida de Deus e desejo crescente de sintonia com esse Deus da vida, que nos interpela. Cria-se uma relação exigente de transformação que, ao mesmo tempo, vai dando sentido, satisfação e alegria a nossa vida.

A espiritualidade deve perpassar toda a vida, não se resume somente a momentos de oração. No entanto, esses momentos são fundamentais para manter viva a espiritualidade no nosso dia-a-dia, evitando que ela caia no vazio.

                                                                                                                                 Pe. Eduardo Lima


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